terça-feira, 11 de agosto de 2009

VIAGEM Á FLOR DE UM MÊS



(Edição: Campo das Letras, 2002)

Dois Letrias, pai e filho juntos. Normalmente dá bom resultado. O André é um ilustrador excepcional que criou um estilo inconfundível e de grande qualidade. O José Jorge é um escritor e poeta com larga obra publicada, nomeadamente na ária da literatura infantil.

Do José Jorge Letria, meu amigo e companheiro de muitas aventuras e sonhos de há mais de 40 anos, há quem diga que publica demais, que se vigia pouco, que tem uma obra irregular. Terá foros de verdade, sim senhor. Mas quando o José Jorge acerta, leva a escrita a um nível altíssimo de intensidade e emoção.

É o caso deste livro que comemora na poesia das palavras o 25 de Abril, esse dia maravilhoso que foi, todo ele, feito de poesia viva transvasada nas ruas do país.

O livro é escrito a duas vozes. A voz do pai e do filho que em poesia dialogam sobre o 25 de Abril.

Filho, havia uma voz sumida
que vinha do fundo de um poço,
uma voz cansada e seca,
uma voz ardida por uma chama
acesa na garganta que me contava
a tristeza dos dias,
a solidão das noites
antes desse mês que chegou
com abelhas e pássaros,
com o mel de mil promessas
escorrendo das asas."

Esta "VIAGEM À FLOR DE UM MÊS" erá talvez para meninos a partir dos 10 anos, necessitará de outras conversas e explicações, e é para se ler baixinho e deixar que uma grande comoção tome conta dos nossos lábios.

2 comentários:

Andreia Vidal disse...

Só agora consegui passar por aqui, mas não queria deixar de lhe dizer que a sua conferência, no ultimo dia do curso de pós-graduação em livros infantis da universidade Católica, foi um excelente presente de despedida para todos nós,encantou quem já era seu fã e conquistou muitos mais!!

Teresa disse...

Sem dúvida que o José Jorge Letria merece uma grande reverência, porque a sua escrita não tem apenas o nível altíssimo da emoção, mas a pesquisa cuidada, o labor de um mestre que sabe articular imaginário e real e concebe a Infância como um lugar privilegiado para expandir o muito que a sua escrita denuncia.