quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

SE PODES SER CRIANÇA



A criança modela-se.
Ajuda-a a modelar-se oferecendo-lhe tudo quanto tenhas de mais autêntico dentro de ti.
Oferece-te a ti próprio como modelo.
Faz de modelo, não só com o teu corpo de Homem, mas também com o que resta da tua espontaneidade infantil para o Amor.
Homens capazes de Amor são aqueles que foram crianças ou que se reconciliaram com a criança que foram.
Se amas a criança que em ti existe, então podes amar as crianças.
Podes fazer um filho.
Se a rejeitaste ou se com ela és irreconciliável então só podes gostar de bonecos de pasta, autómatos de lata e bugigangas para enfeitar o teu espaço esvaziado. Compra-os na loja, não faças filhos.
Não te ocupes dos filhos dos outros.


Mas se recuperaste essa criança, se tomaste conhecimento de que uma vontade infantil de sentir, experimentar e saber, existe em ti…
Então podes estender os braços à criança que está à tua frente.
Educar é oferecer-se como modelo,
educar é respeitar o seu próprio modelo.
Educar é respeitar a criação do Homem
e do seu Universo.
Educar é respeitar a criança e a criatividade infantil.
Se podes ser infantil, podes ser Homem, podes ser Mestre.


JOÃO DOS SANTOS

em “Ensinaram-me a ler o mundo à minha volta”, ed. Assírio & Alvim

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

LER É PERIGOSO...



Mais um vídeo sobre a Leitura, este produzido pela Universidade de Salvador. Parece-me difícil de imaginar que uma Universidade Portuguesa actual pudesse produzir uma carga ideológica semelhante. O conservadorismo invadiu muitas das nossas instituições. Nem sei se se pode falar de conservadorismo ou apenas de uma certa incapacidade para se ser "perigosamente humano".

domingo, 27 de dezembro de 2009

IMAGINE

object width="425" height="344">

Enviou-me este mail a minha querida amiga Maria Romeiras a dizer:

Boas Festas, pessoal, não resisti a enviar este vídeo, atenção que é ASL, American Sign Language, diferente de LIBRAS do Brasil ou de LGP, Língua Gestual Portuguesa.

A Maria é assim, sempre atenta às necessidades e às expressões dos que precisam de um apoio especial mas que também nos podem oferecer um modo especial de se apropriar da matéria de que é feito o sonho.

Acredito que nenhuma sociedade pode ser verdadeiramente democrática sem que a solidariedade se torne numa prática natural, profunda, extensa e intensa.

Não posso ser verdadeiramente livre se não fizer o possível para que cada um dos meus irmãos seja livre.

Talvez a liberdade só exista no acto de lutar por ela.

BOAS FESTAS

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

O PERU DO NATAL



Esta imagem foi-me enviada pelo meu amigo Ricardo Charters de Almeida. Recebo muitas por mail, e mais ainda agora na época do Natal. Muitas delas são desinteressantes e banais. Mas de vez em quando surge uma surpresa como esta.

Fez-me lembrar a velha ternura que sempre tive pelos mais pobres, pelos excluídos, pelos marginalizados. E também pelos perus. É que o Natal para um peru não deve ser a época mais feliz do ano.

faço votos para que o peru da imagem tenha efectivamente escapado à matança natalícia...

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

AGARRADOS A UM VERSO



(Do livro "Imagens das Idades do Mundo" de Francisco de Holanda)


Às vezes, os meninos dizem-me que eu tenho cara de Pai Natal. E eu sorrio. Porque gosto de me imaginar a habitar essa figura ternurenta e generosa, saída da bruma das lendas e que veio desabar neste Natal com que vestimos a velha festa do Solstício de Inverno e celebramos a alegria de nascer e renascer vezes sem conta.

Se eu fosse o Pai Natal não ia comprar prendas ao Centro Comercial. Nem carrinhos, nem bonecas, nem perfumes, nem canetas douradas, nem gravatas às riscas, nem telemóveis, nem consolas, nem nada disso.

Se eu fosse o Pai Natal levava um verso a cada um. Por que, agarrados a um verso podemos sobreviver às intempéries da vida.

Dava um verso de Neruda a cada desempregado, um de David Mourão-Ferreira a todas as mulheres sem amor, um de Florbela Espanca aos homens distraídos, um de Lorca aos poetas que deixaram secar a maravilha das palavras, um de Cesário aos condutores da Carris com olhos cheios de Tejo, um de Vinícius aos alcoólicos anónimos que dançam sobre o chão da sua imperfeição, um de Sebastião da Gama a cada professor que não se deixa encerrar em 4 paredes e três relatórios, um de Prévert aos gatos que caminham como imperadores no alto dos telhados, um de José Craveirinha a todos os cantores de RAP, um de Gomes Leal aos que naufragam em caixotes pelos cantos da cidade, um de Ferlinghetti aos saxofones que nos fazem subir ao céu, um de Ruy Belo aos que acreditam que ainda tudo é possível, um de Eugénio aos que choram abraçados a uma macieira, um de Sophia aos que habitam o esplendor do mar, e um da Matilde Rosa Araújo a todas as crianças do mundo.


FELIZ NATAL

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

ESTÚDIO 8 - DANÇAR É BOM



O ESTÚDIO 8 é a grande aventura do meu filho João e da Raquel que, sendo a minha única nora, acumula com o facto de ser a nora preferida.

Eles dançam. E dançam! E dançam! Como os invejo! E além de dançar, ensinam os outros a dançar.

Abriram há pouco tempo o novo espaço do ESTÚDIO 8 em Odivelas muito perto do Odivelas Parque.

Além das aulas há baile. Quer dizer, noites de dança. Salsa, rumba, bolero, tango, chá-chá-chá, funáná, etc, etc.

A próxima noite de dança é já no domingo.

De que´é que estão à espera? Bora lá!

domingo, 13 de dezembro de 2009

ESTE FACHO É OUTRO FACHO

Teria de ser assim. Fachos há muitos. Como contei aqui, estive na EBI do Facho,Vila Chã, Mindelo (o do desembarque liberal do séc. XIX), concelho de Vila do Conde.

Brinquei com a palavra Facho. Lembra outros tempos, lá isso lembra. Outros tempos e outras gentes.

A professora Teresa Queirós Viana enviou-me a explicação da origem deste facho. Está relacionado com o facto de neste sítio, em tempos idos, ter sido hábito fazer fogueiras que serviam de farol, alertando os barcos para proximidade da costa.

Agradeço á Teresa e aproveito para divulgar o seu belo blog. Há gente por este país fora a dar notícias da vida, das terra, de si própria, em dezenas ou centenas de blogs que merecem ser conhecidos.

Escrever é uma forma fantástica de resistência contra esta sociedade que nos banaliza, que nos espreme de identidade, de pátria, de palavras, que nos rouba da promessa de gente que somos, para nos reduzir a pequenos hamburguers sem passado nem futuro.

Já agora aproveitei para "roubar" ao blog um desenho de um dos seus meninos e um textinho da Luísa Dacosta.

Obrigado, Teresa.

http://buziodovento.blogspot.com/



Praia de Vila Chã com gaivotas,praia, barco, areia, meninos e tudo... (desenho do Alexandre, 5 anos)

O MAR TEM JARDINS...

- É o que lhe digo. O mar tem jardins...Jardins, cheios de búzios, corais e concheiros...A areia é lá tão fina como o pó do oiro. As árvores são maores que pinheiros velhos e os peixes andam de galho em galho, como aqui os pássaros. Como sei? Ora sei, porque sei. Há coisas que a gente sabe com o coração, sem precisar de as ver. (..)

Luísa Dacosta, A-Ver-O-Mar,Crónicas

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

LER




Um vídeo forte, eficaz, moderno, apaixonante.

Das editoras Random House e Mondadori.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

LITERACIA


(Desenho - suponho - de Ziraldo)

Somente um em cada cinco portugueses possui nível médio de literacia. O que causa prejuízos directos no potencial de desenvolvimento do país. As conclusões constam de
um estudo apresentado há dias na Gulbenkian.

Na Suécia, a correspondência é de quatro em cada cinco suecos.

Literacia é a capacidade de ler e compreender o que se lê para resolver problemas concretos. Esta aptidão em Portugal, refere o relatório, é muito baixa. "Portugal apresenta os níveis mais baixos de competências de literacia de entre todos os países observados", referiu o coordenador do projecto, Scott Murray.

"O conhecimento e as competências das pessoas, quando postos aos serviço da produção, são um forte motor do crescimento económico e do desenvolvimento social". Mas, segundo os dados disponíveis para Portugal, a literacia tem no nosso país "um valor económico reduzido no mercado de trabalho".

Segundo o relatório "Portugal tem de dedicar muito mais atenção à literacia.", sublinhando que "...o país pagou um preço significativo por não ter aumentado a oferta de competências de literacia ao dispor da economia" e acrescentado que os alunos portugueses "têm poucos incentivos para investir tempo e esforço no aumento do seu nível de literacia".

Iniciativas como o Plano Nacional de Leitura ou as Novas Oportunidades são encorajadas, mas o relatório sustenta que "são insuficientes".

Convidado a comentar o relatório, o economista João salgueiro contrariou a defesa de mais investimento em Educação. "Se há indicador em que não estamos mal é no volume de recursos que dedicamos à Educação e temos dos piores resultados no desempenho". A causa "está no funcionamento do sistema de Educação e no sistema económico".

É óbvio para mim que os nossos dirigentes continuam a ter pouco fundamentadas sobre o que é a literacia e identificando literacia com ensino.

De facto, vencer o grande atraso da literacia em Portugal implica assumir-se este trabalho como desígnio nacional ao nível dos programas políticos, das estratégias mediáticas, do reconhecimento da sua necessidade por parte das nossas elites políticas e empresariais que tradicionalmente são tão avessas a estas questões.

Como muito justamente afirmou a ministra da Educação, Isabel Alçada, é preciso que "toda a sociedade se mobilize para que a melhor oferta de qualificações corresponda a um reconhecimento da parte do tecido empresarial".

Eu acrescentaria que é também necessário que esse tecido empresarial assuma a literacia como uma questão fundamental que não lhe pode ser alheia.

(A partir de elementos retirados de um artigo de ISABEL TEIXEIRA DA MOTA, Jornal de Notícias)

domingo, 6 de dezembro de 2009

VIOLANTE MAGALHÃES



A minha amiga Violante Magalhães vai fazer a apresentação do livro "NARRATIVAS LITERÁRIAS SOBRE E PARA A INFÂNCIA NO NEO-REALISMO PORTUGUÊS" que resulta da sua tese de doutoramento.

Todos os que foram alunos da Violante sabem bem o que ela tem feito pela clarificação do papel da literatura para a infância na formação e no trabalho dos Educadores de Infância e Professores do 1º Ciclo.

Estou ansioso por conhecer o seu o trabalho agora publicado. E espero que muitos dos seus alunos e ex-alunos também lhe levem o carinho que ela merece.